Iniciativa prevê a formação de profissionais competentes, mais conscientes e empáticos, promovendo uma cultura de compaixão
A Atlântica e a ESSATLA estão no caminho de se tornarem as primeiras instituições de ensino superior compassivas do país. A distinção “Atlântica Compassiva” resulta de um compromisso contínuo com a educação humanizada e a promoção do bem-estar no ensino superior, tendo o processo de certificação sido formalmente iniciado em 2022. Como resultado deste percurso, e até à obtenção da certificação internacional – atribuída pela Fundação New Health – as duas instituições vão receber a visita de uma especialista internacional em “compaixão”, Begoña Garcia Navarro, da Universidade de Huelva.
“A Atlântica e a ESSATLA embarcaram na missão de se tornarem instituições de ensino superior compassivas há dois anos, no seguimento de um paradigma recente que pretende promover um ambiente de maior compaixão junto das mais variadas entidades e instituições, através da formação de profissionais mais competentes, conscientes e empáticos, preparando-os para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea”, explica Helena José, presidente da ESSATLA. A também docente da instituição sublinha ainda que “esta certificação para a qual temos estado a trabalhar é o resultado de um esforço coletivo e sublinha o compromisso da Atlântica em priorizar o desenvolvimento de competências emocionais e sociais que são essenciais no contexto do mundo atual”.
Mais compaixão como resposta aos desafios atuais
Dados das Nações Unidas demonstram que o número de idosos com 60 anos ou mais vai duplicar até 2050, sendo que os números devem triplicar até esta data nas pessoas com mais de 80 anos. Com o envelhecimento da população a aumentar, surgem novos desafios – como é o caso da prevalência das doenças crónicas, graves ou incapacitantes –, que exigem novas respostas e abordagens, assim como cuidados que garantam o bem-estar dos indivíduos em fim de vida.
A sensibilização junto da comunidade para estas questões é cada vez mais premente, bem como a promoção de uma cultura baseada na compaixão. É precisamente essa a aposta atual da Atlântica e da ESSATLA – em particular, tendo em conta as formações na área de enfermagem – ao embarcarem nesta jornada para se tornarem uma “Universidade Compassiva”: dotar a sociedade de profissionais capacitados na prestação dos mais diferentes serviços, alinhando-se a esta cultura da compaixão.
Ainda de acordo com Helena José, “a compaixão envolve uma consciência do sofrimento (componente cognitiva), uma preocupação simpática relacionada com o facto de se sentir emocionalmente tocado pelo sofrimento (componente afetiva), inclui o desejo de ver o alívio desse sofrimento (componente intencional) e inclui uma reatividade ou prontidão para ajudar a aliviar esse sofrimento (componente motivacional)”. Por isso mesmo, “numa Instituição de Ensino Superior Compassiva, o estudante aprende a ter consciência do seu sofrimento e do sofrimento do outro, tornando-se, desta forma, numa pessoa empática e solidária. Uma experiência universitária baseada na compaixão e na colaboração dará aos estudantes de hoje a possibilidade de resolverem os desafios de amanhã, e ajudar-nos-á a todos a avançar para um futuro mais inclusivo, diversificado e equitativo”, conclui a docente.
Na rota da nomeação “Atlântica Compassiva”
No âmbito deste percurso que a Atlântica e a ESSATLA têm traçado e que se aproxima da certificação final, as instituições recebem, esta semana, a presença da especialista em “compaixão” Begoña Garcia Navarro, da Universidade de Huelva – a primeira universidade em Espanha a ter recebido o título de “Universidade Compassiva”. A docente da instituição de ensino espanhola estará presente com o intuito de discutir diretrizes e práticas necessárias para a implementação deste novo paradigma no ensino superior.
Até este momento, e tendo em conta o trabalho que tem sido desenvolvido para a obtenção da certificação, a Atlântica e ESSATLA já participaram na publicação conjunta – com a Universidade de Huelva – de artigos científicos que refletem os valores e práticas compassivas, assim como na organização de diferentes eventos científicos internacionais. As duas instituições de ensino contam ainda com um grupo de alunos e professores que, em mobilidade Erasmus, tiveram a oportunidade de participar numa formação internacional em cuidados compassivos, que se realizou, primeiro, em setembro de 2023, em Huelva, e no mês passado, em Florença.